GDA #4 - POR QUE OS JOGOS SÃO TÃO VICIANTES?
Analisando como o vício em jogos pode ser uma consequência e não a causa do problema.
“O jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da ‘vida cotidiana’’. — Johan Huizinga
No começo do ano com a grande polêmica do momento: “OMS reconhece o transtorno por videogame como problema mental”. Eu sinceramente fiquei bem curioso sobre esta afirmação e decidi ler algumas matérias sobre, segue abaixo uma delas.
A verdade é que os jogos são sim um meio extremamente poderoso e que influencia pessoas ao redor do mundo. Mas para discutirmos isso melhor é necessário entender como um jogo influencia as pessoas e sua trajetória. Pois então sentem que lá vem história e espero que gostem!
UMA BREVE HISTÓRIA SOBRE JOGOS
O registro mais antigo já descoberto sobre jogos foi através de uma obra chamada de “A História” escrita por Heródoto de Halicarnasso. Nesta obra, é contada que uma civilização inteira, da região de Lídia, foi salva por um jogo de “dados”. Foi dito que esta região passava por um período de fome e que o rei da época ordenou que todos os cidadãos comessem um dia e jogassem no outro, fazendo com que sobrevivessem à este período infértil por DEZOITO ANOS.
Milhares de anos mais tarde, aproximadamente na década de 70', a empresa Atari havia criado um jogo chamado Pong e posto em um bar próximo a sua sede. Ela havia percebido que as pessoas naquele bar faziam filas para jogar um contra o outro, criava um senso de competição. Mas além de tudo isso, perceberam que com o tempo, as pessoas que estavam no bar, passaram a se dividir em torcidas e envolver todos que estavam no lugar. Dai por diante, a indústria de jogos cresceu absurdamente.
O QUE FAZ UMA PESSOA JOGAR
Jane McGonigal em seu livro “A realidade em Jogo” esclareceu porque as pessoas costumam jogar e porque elas são tão boas na vida virtual do que na vida real. E ela constatou que as pessoas que jogam são ótimos jogadores porque o ambiente incentiva dizendo o que você deve fazer, como deve fazer, mostra variedades de coisas que o jogador pode fazer para jogar e recompensas emocionais por sobrepujar seu maior desafio. Diferente da realidade que é caótica, incerta, as pessoas não sabem o que fazer, onde chegar e o que ganharão. Esta disparidade entre as duas realidades cria pessoas cada vez mais propensas a investir horas em jogos. Mas além disso, os jogos criam em nós algo que raramente conquistamos que é o FLOW.
O Flow, segundo um psicólogo, é:
Eu defino FLOW como um estado mental onde o corpo e a mente fluem em perfeita harmonia, é um estado de excelência caracterizado por alta motivação, alta concentração, alta energia e alto desempenho, por isso também chamado de experiência máxima ou experiência ótima. As experiências de FLOW muitas vezes são lembradas como os momentos mais felizes da vida da pessoa, os momentos onde ela se sentiu no seu melhor. — Helder Kamei
Com base nisso, os jogos são projetados para trazer para o jogador momentos que o deixassem em estado de FLOW, trazendo experiências virtuais que raramente são experimentadas na vida real e transformando o estresse ruim em estresse bom. Ocasionando muitas vezes, momentos de felicidade ao longo do jogo pela alta tensão emocional que os jogos criam. E olha só que curioso: O Flow também é alcançado quando trabalhamos, exercitamos ou praticamos aquilo que realmente gostamos, nós tendemos a entrar neste estado que faz a gente nem perceber o tempo passar e nos fazer ficar extremamente focados.
ENTÃO É POR ISSO QUE JOGOS SÃO PERIGOSOS!
Não necessariamente. Os jogos são feitos para entreter, divertir, em muitos casos, entregar uma experiência nova. Entretanto, não somente jogos, mas tudo que a pessoa desempenha esforço e se sente recompensado quando exercita, seja, tocar ou ouvir música, assistir um bom filme, pintar um quadro e etc, desperta este estado de Flow nas pessoas. Quando isto ocorre, a pessoa perde a noção de tempo e dependendo da personalidade, pode acarretar no efeito de se viciar. Não por conta de jogar, assistir, pintar, mas por conta de como se ela sente ao exercer aquela atividade.
Entretanto, existem muito jogos que ciente desses fatores, criam mecanismo no jogo que fazem o jogador se ausentar por um tempo do videogame para não ficarem doentes, por exemplo, Metal Gear Solid 3. O jogador se ficasse muito tempo jogando direto, seu personagem ficava cansado com mais facilidade e demoraria para se recobrar. Caso o jogador desligasse e voltasse outra hora, ele voltaria a ficar normal. Muitos jogos utilizam a curvatura de interesse para quantificar a melhor hora em que o jogo fica “menos interessante” para o jogador sair um pouco.
CONCLUSÃO
Dito tudo isso, os jogos sempre foram a maneira mais interativa, segura e fácil de encontrar seu momento de felicidade a curto prazo. E isso não substitui nem de longe uma experiência de felicidade na vida real. O que mostra que os jogos não são um problema em questão, os jogos para muitas pessoas funcionam como um espécie de escape da vida e um momento para se divertirem. O verdadeiro problema que faz muitos jogadores investirem milhares horas de suas vidas nos jogos, ao invés da vida real, é por conta da realidade que os cercam. Seja por conta das pressões pessoais, pressões profissionais, depressão, ansiedade, entre diversos fatores externos que tornam a realidade virtual muito mais atrativa.
Bom galerinha, espero que isso ajude vocês a refletirem mais sobre o assunto e abrir a cabeça de vocês para novos debates que surgirem!
BÔNUS MATERIAL
Segue os links de referência para vocês ficarem por dentro do assunto ;D
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